segunda-feira, 6 de junho de 2011

Interpretação de atores reais dá clima para investigações de 'L.A. Noire'



Plataforma: Xbox 360 (versão testada) e PlayStation 3
Produção: Rockstar
Desenvolvimento: Team Bondi
Gênero: Aventura ("adventure")
Jogadores: 1
Lançamento: 17 de maio de 2011 nos EUA
Preço sugerido: R$ 200
Nota: 8,0*
A Rockstar, famosa por jogos com um alto nível de violência, por colocar o jogador na pele de criminosos e, por poder andar livremente nas ruas atirando ou atropelando quem quiser, como visto na franquia “Grand Theft Auto”, optou por “seguir ao lado da lei” em “L.A. Noire”. O game foca em investigações policiais na cidade de Los Angeles da década de 40 e, embora o jogador ainda possa andar de carro e correr para onde quiser, deve se comportar como um policial exemplar e resolver os mistérios dos crimes.

Embora apresente um mundo aberto como em “GTA”, com Los Angeles representada em detalhes, “L.A. Noire” parece mais como um jogo do estilo “adventure”, famoso na década de 1990 com os jogos “Day of the Tentacle”, “The Secret of Monkey Island”, “Full Throttle”, entre outros. O jogador recebe um caso, segue para a cena do crime, coleta pistas e depoimentos de testemunhas e deve desvendar o mistério. Volta e meia troca tiros ou persegue criminosos, mas isso não acontece à vontade e, sim, apenas quando “o jogo manda”.

Seguir ordens é o que Cole Phelps, um ex-soldado na Segunda Guerra Mundial, faz durante sua transição de policial a detetive. Com comportamento exemplar, ele levará o jogador para conhecer as entranhas da lei em Los Angeles, onde os “tiras” não têm escrúpulos e fazem de tudo para se dar bem. Phelps deve usar sua inteligência, experiência e intuição para conseguir desvendar todos os crimes na Cidade do Pecado.



Embora o jogador seja “do bem”, o game não apresenta um conteúdo para crianças. Todos os crimes apresentam temas fortes, no estilo da Rockstar, como estupro, uso de drogas, multilações que não são recomendados para os mais novos.

A verdade está nos rostos
Um dos grandes destaques do game desenvolvido pelo estúdio australiano Team Bondi são os rostos dos personagens de “L. A. Noire”. Captados com atores reais em uma técnica chamada MotionScan, os vídeos foram colocados e adaptados na cabeça dos modelos do jogo, aumentando o realismo e, principalmente, fazendo com que uma conversa corriqueira ou um interrogatório faça o jogador se questionar se a pessoa realmente está falando a verdade.

Nas respostas, um olhar para o lado, uma careta ou um leve sorriso sarcástico pode revelar que ali está o criminoso. As interpretações ajudam a dar um ar de grande produção para o cinema, com diálogos convincentes e que não se perdem no meio da história. Geralmente, quando os interrogados olham diretamente para Phelps, eles estão falando a verdade, enquanto que, quando olham para os lados, escondem alguma coisa.

A mecânica nos questionários é simples, mas exige uma análise minuciosa da expressão do suspeito quando de sua resposta. Após a declaração, o jogador deve escolher entre três opções: acreditar no depoimento (verdade), em duvidar da resposta (dúvida) ou em dizer que a pessoa está mentindo (mentira). Nesta última opção, é necessário confrontar o suspeito com uma prova, que pode ser desde uma pista encontrado na cena do crime como o depoimento de uma testemunha. Uma opção errada e o jogador perde um elemento importante para resolver o caso. Entretanto, nada impede de terminar o game sem todas as respostas certas e itens coletados.


 De caso em caso
“L.A. Noire” é dividido em casos que o jogador deve resolver. Embora seja possível continuar a história de onde se parou, pode-se jogar cada missão separadamente. Isso permite tentar acertar os questionários e encontrar todas as pistas que não foram pegas durante o modo história. Acertar as perguntas e respostas certas se torna fácil quando se joga um caso pela segunda vez.

Phelps, no entanto, tem um pouco de ajuda quando está na cena do crime. Pontos permitem que o jogador possa eliminar uma opção errada ou, se conectado na Xbox Live ou PSN, ver quais respostas os jogadores mais escolheram. Também, pode-se ver onde estão todas as pistas da cena do crime com estes pontos.

O jogador pode acessar o caderno do detetive para ver mais detalhes sobre pessoas de interesse no caso, locais, itens e provas encontradas. “Perder tempo” lendo as evidências ajuda muito a desvendar os mistérios. Há missões em que apenas acertando todo o questionário ao suspeito permite incriminá-lo. Então, é importante estudar.

É aí que, para os brasileiros, entra um grande problema: o game é totalmente em inglês. Para quem não domina a língua, os longos diálogos durante os casos podem atrapalhar a entender a história e saber o que fazer. Faltou uma legenda em português, algo que é tão comum em games para consoles nos últimos anos.


No game, o personagem Cole Phelps passa de policial para detetive ao solucionar os crimes (Foto: Divulgação)
No game, o personagem Cole Phelps passa de
policial para detetive ao solucionar os crimes
(Foto: Divulgação)

A ação, que não é o foco do jogo, fica em segundo plano nas investigações. Existem tiroteios (mas o jogador não pode dar seus tiros em qualquer momento), perseguições de carro e a pé, mas elas acontecem em poucos momentos. Em alguns casos, fica evidente que este elemento foi colocado ali só para dar uma sacudida no jogador.

Além disso, quando o jogador está dirigindo de um local da investigação para a casa de um suspeito, por exemplo, e estiver em um carro de polícia, pode receber um chamado no rádio para ajudar em uma cena do crime. Geralmente, é um assalto, uma briga ou um louco tentando pular de um prédio. Essas cenas apresentam mais ação, mas são de curta duração.

A cidade de Los Angeles em 1947, recriada em detalhes, é pouco explorada. Há pontos para se visitar e carros para habilitar, mas a história segue de forma linear e não há muito o que explorar ou visitar antes de se terminar o jogo. Fica uma sensação igual a sentida em “Mafia II”, em que há uma grande cidade, mas a narrativa não exige uma exploração maior do local, como em “GTA”.

Ainda, “L.A. Noire” consegue ser um grande jogo, uma grande produção que consegue elevar o nível de qualidade dos games. A técnica de mapear o rosto dos atores traz um realismo inédito que, ao lado da narrativa profunda e de diálogos inteligentes, devem servir como base para os próximos títulos dos videogames.
Jogador deverá andar pela cidade de Los Angeles da década de 1940 (Foto: Divulgação)

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